Tantas coisas deixamos de ver na contemporaneidade, que elas tornaram-se banais e até mesmo corriqueiras. Chegamos ao ponto da chamada cegueira social, sem ver o próximo, sem enxergar nosso semelhante.
Em nossa constituição consta que todos somos "iguais". Mas onde reside essa igualdade? De que forma o homem que dorme na praça possui os mesmos direitos que eu? Será que eu possuo os mesmo direitos do que o homem de terno dentro do seu carro blindado?
Vivemos em uma sociedade que nos oprime e nos molda segundo preceitos rasos, vazios. Em nenhum momento analizamos nossas vidas ou nossos conceitos, apenas continuamos nossa jornada desviando dos mendigos pedindo esmola nas ruas, dormindo nos bancos das praças, comendo lixo. E fazemos isso por imitação, não porque isso é importante. Imitamos o homem de terno em seu carro blindado com medo de ser assaltado; imitamos a bela senhora esteticamente modificada, que gasta mais dinheiro com a beleza de seu cão do que para ajudar o próximo.
Onde está a nossa HUMANIDADE? Será que somos homens-dinheiro controlados pelo medo e pelos modismos, ou somos mesmo seres livres, com direito a opinar, com a obrigação de perceber o mundo? E por que escolhemos ignorar o mundo à nossa volta? Porque ignorar o meu igual, tão falho quanto eu?
Fazemos isso por ser mais fácil, mais cômodo. Enquanto o problema não é nosso, vivemos sem culpa, somos felizes, olhamos a vida através das vitrines dos shoppings e fingimos não ver aquilo que é diferente. Ai quem me dera fossemos cegos! Veríamos muito melhor e mais claramente aquilo que fingimos não ver. Seríamos obrigados a não saber o que é o ouro ou a seda e teríamos a vida inteira para sentir o mundo ao nosso redor. Quem sabe assim seríamos realmente felizes.
