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O bairro da Penha, o mais antigo de São Paulo ao lado de Santo Amaro, formou-se em torno da igreja e a religiosidade é uma característica presente ainda hoje entre a população.

A Penha é um dos bairros mais antigos da cidade, foi fundada pelo padre Jacinto Nunes de Siqueira. O bairro formou-se em torno da igreja e tem uma característica religiosa bastante presente e marcante.

Conforme a lenda que conta a história do bairro, aproximadamente em 1600 um viajante francês carregava na bagagem uma imagem de Nossa Senhora. O viajante montou acampamento onde hoje é o bairro da Penha, após se levantar, recolher todos os seus pertences e seguir a trajetória, sentiu falta da imagem da santa, voltou ao local e se deparou com a imagem onde tinha feito o acampamento. O francês pegou a imagem e continuou seu percurso rumo ao Rio de Janeiro, novamente sentiu falta da santa, retornou e encontrou o objeto novamente no alto da colina onde havia dormido. Então o francês ergueu uma capela no local, onde hoje é a igreja de Nossa Senhora da Penha.

Essa é a história que os Penhenses ouvem desde a fundação do bairro e da construção da igreja.  A data de fundação da igreja é de 1682, mas a igreja parece ter sido construída anos antes.  Uma certidão passada por um padre ao receber dinheiro doado a Nossa Senhora da Penha de França, por exemplo, é datada de 24 de agosto de 1667. Já a imagem original da Virgem, em madeira, foi preservada e está hoje protegida no altar da Basílica.

Bem próxima está a capela de Nossa Senhora da Penha e São Benedito, no Largo do Rosário, erguida em taipa pelos negros em 1802. Na época eles eram proibidos de entrar na outra igreja, a dos “brancos”.

A tradicional procissão e a festa da Natividade de Nossa Senhora, comemorada no dia 8 de setembro, reúnem milhares de pessoas. Algumas décadas atrás,  era capaz  de atrair peregrinos de toda a Capital. “Antigamente tínhamos um turismo religioso aqui, era como Aparecida do Norte”, lembra Francisco Folco, um dos idealizadores e fundadores do Memorial Penha de França. “Nos dias de festa o comércio faturava mais que no Natal”. A fama era tanta que Nossa Senhora da Penha, ainda que extra-oficialmente, foi aceita como a padroeira da cidade de São Paulo.

No entanto, quando o assunto são os monumentos históricos, a conversa é outra. Os únicos imóveis tombados pelo Patrimônio são as duas igrejas de Nossa Senhora e o colégio Santos Dumont, inaugurado em 1913. Um dos palacetes mais tradicionais da velha Penha, pertencente ao Coronel Rodovalho, foi demolido na década de 50. A luta dos penhenses é evitar que outros prédios históricos tenham o mesmo destino.